6 de abr. de 2011

Entrevista com o Núcleo PcD




O Jornal de Empregos e Estágios conversou com Simone Sousa, Renata Silva e Virgínia Fernandes, integrantes da equipe responsável pelo departamento, que falaram sobre as dificuldades dos deficientes físicos em conseguir ocupar uma oportunidade de trabalho, os desafios das empresas e ainda apresenta soluções que podem ajudar esses profissionais a conseguir uma colocação no mercado de trabalho.

Qual o trabalho desenvolvido pela Célula de Inclusão Social da Simetria RH?
Simetria: A Célula é um projeto de inclusão de pessoas com deficiência. E o diferencial desse trabalho é que nós assessoramos empresas com atividades que vão desde o mapeamento da acessibilidade, um desnível, uma adaptação dentro das instalações, até um mapeamento funcional. Elaboramos preventivamente a sensibilização. Primeiro, é necessário que a empresa tenha consciência desse projeto de inclusão, porque a maioria tem uma informação ou outra veiculada pela mídia. Além disso, nós oferecemos, em parceria com ONGs e instituições, cursos e palestras gratuitas com o objetivo de preparar a pessoa com deficiência física para o mercado de trabalho. Seja aquele profissional em formação, concluindo o ensino médio, ou que adquiriram uma deficiência e buscam um redirecionamento de carreira.

Qual o objetivo desse departamento?
Simetria: O nosso trabalho está focado na reabilitação, ressocialização e em toda uma adaptação dessa pessoa na sociedade. Qualificar esses profissionais, porque o mercado exige isso. Seja para primeiro emprego, profissionais formados ou de terceira idade. Quanto à empregabilidade, eles concorrem como qualquer outro. E a ideia é exatamente essa: não tratar com distinção.

Como surgiu a ideia de criar a Célula?
Simetria: Nós percebemos que havia uma necessidade no mercado de uma consultoria que oferecesse esse trabalho especializado. As empresas não têm 100% das informações. Por outro lado, muitas pessoas com deficiência não estão plenamente preparadas para o mercado. Por isso, buscamos alinhar nossos objetivos, atendendo às necessidades das empresas e também prestando um serviço de responsabilidade social, junto às instituições parceiras.

Desde quando a Simetria RH possui esse projeto?
Simetria: A Célula de Inclusão Social foi implantada há sete meses na Simetria e vem trazendo ótimos resultados. Quando ministramos algum curso em ONGs ou instituições, as pessoas interessadas fazem nosso cadastro, por isso nosso banco de talentos já tem, aproximadamente, dois mil profissionais cadastrados.

E quantos profissionais com deficiência já foram atendidos?
Simetria: Nesses sete meses de atuação, a Célula já atendeu mais de 200 profissionais com deficiência. Como foi citado, a Simetria RH possui parceria com outras instituições.

Quais são?
Simetria: Nós temos parceria com mais de 50 instituições, entre elas estão o CORDEF (com o Projeto Mesquita Mais Acessível), a CEDICOM (ONG que oferece cursos de capacitação para pessoas com deficiência) e o Instituto Benjamim Constant.

Quais os resultados dessa parceria?
Simetria: Elas geram os cursos de capacitação. Na verdade, elas geram um complemento para o trabalho que as instituições desenvolvem. Uma coisa é falarem que “o mercado exige isso”, outra coisa é um profissional de Recursos Humanos, que tem todo esse know-how, passar o seu conhecimento. Apresentamos quais as exigências do mercado, como elaborar um currículo, como é e o que é observado em uma dinâmica de grupo. Isso é importante porque muitos deles não têm esse tipo de conhecimento. Durante um bom tempo, essas pessoas ficaram segregadas.

Esses cursos de capacitação são profissionalizantes?
Simetria: São oferecidos cursos nas duas modalidades: profissionalizantes e para gerar empregabilidade. Nós temos em nossa grade cursos como Excelência no Atendimento, Telemarketing, Técnicas de Venda. Aliás, na área de Telemarketing, há grandes ofertas para profissionais com deficiência. Rede Hoteleira também.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais com deficiência? Ainda há discriminação?
Simetria: Você tocou em um ponto chave. O grande desafio é a discriminação. Todo mundo acha legal ver na novela do Manoel Carlos uma pessoa com deficiência, mas fora da ficção elas dizem “olha muito legal, mas para o meu departamento não dá”. Por isso a importância de se fazer um trabalho preventivo e de sensibilização dentro das empresas.
Esses profissionais são capazes e há grandes exemplos de deficientes que conseguiram uma oportunidade e estão desenvolvendo o seu talento.

Com a instauração da Lei 8.213/91 o mercado ficou mais propício a admissão de profissionais com deficiência? Qual o desafio das empresas?
Simetria: Infelizmente a maioria das empresas contrata por causa do incentivo da lei e não por responsabilidade social. Portanto, o primeiro desafio é conhecer a lei. Em segundo lugar é a acessibilidade. É necessário pensar na mobilidade de um cadeirante, por exemplo. Em terceiro lugar, é preciso preparar o ambiente. Não adianta o departamento de RH ser receptivo, o departamento pessoal também e quando o profissional começar a exercer suas funções sofrer discriminação. É preciso quebrar esse paradigma e então a inclusão acontece.

Qual é o fator decisivo para inclusão desses profissionais no mercado?
Simetria: É a qualificação. Boa parte das pessoas com deficiência ficaram por muito tempo isoladas. Ou nas suas casas, porque a família queria proteger da discriminação, ou pela falta de acessibilidade.
Por isso temos essa preocupação com a reabilitação, a readaptação e a reinserção desse profissional no mercado de trabalho. O objetivo é mostrar para aquelas pessoas que sofreram um acidente de carro, por exemplo, que elas podem voltar a trabalhar como antes, que ela não é incapaz. É um processo que envolve o poder público e a sociedade civil como um todo.

Quais são as expectativas da Célula de Inclusão para esse ano?
Simetria: Esse ano vamos expandir ainda mais o nosso trabalho e o contato com as ONGs, que é um relacionamento extremamente importante para nós. Além disso, temos recebido muita demanda de clientes. Nossa tendência é realmente aumentar, colocar esses profissionais para trabalhar e desenvolver o seu talento. Temos também um projeto que será colocado em prática ainda esse ano. A Simetria vai oferecer um curso de idiomas que será ministrado em nossas instalações e será voltado a profissionais com deficiência.

Quando abrem as inscrições para os cursos de capacitação?
Simetria: Como a maioria das Instituições estão em período de férias, estamos realizando cursos junto ao projeto Simetria Mobiliza. Mas as atividades da Célula de Inclusão estarão de volta a partir do dia 14 de março, com a palestra “Dicas de Empregabilidade”, em parceria com a Prefeitura de Mesquita.

Como funciona o projeto Simetria Mobiliza?
Simetria: O Simetria Mobiliza já acontece há um ano. Usamos o nosso conhecimento na área de seleção e de ministrar cursos para oferecer, toda sexta-feira, cursos gratuitos para a sociedade. Nós observamos que os profissionais se qualificam, fazem cursos técnicos, os demais cursos, mas às vezes esquecem do lado comportamental e também da composição do currículo. A aula tem duração de uma hora e vinte minutos. Nesses encontros, nós divulgamos as vagas disponíveis e os alunos têm acesso as nossas dependências, podendo verificar as vagas nos quadros de aviso.

 Como os profissionais podem se inscrever? 
Simetria: Para se inscrever nos cursos ministrados pela Consultoria, os interessados devem ligar para o número (21) 3211-8102 e falar com Renata Silva. A cada três meses a Simetria entrega donativos a instituições como orfanatos e abrigos. Portanto, os interessados em participar dos cursos também podem levar donativos.


Por: Rhuan Souza

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