19 de abr. de 2011

Entrevista com Esther Wenna do Papel Pinel



Localizada no ambulatório do Instituto Municipal Philippe Pinel, zona sul do Rio de Janeiro, nasceu em 2000, uma singela oficina de reciclagem de papel. Esse trabalho seria apenas uma estratégia de acompanhamento de usuários de serviços de saúde mental do hospital. Esther Marco Wenna, Coordenadora da Fábrica Papel Pinel, não imaginava que esse Projeto se transformaria tanto. De uma pequena oficina para uma Fábrica com uma produção de verdade e de qualidade. Um trabalho artesanal, feito pelos próprios pacientes, que privilegia não apenas o reaproveitamento material, mais também humano. Tem como produtos não só o papel reciclado, mais camisetas e bolsas ilustradas com “personalidade”. Esther conta um pouco sobre esse projeto e sua parceria com a Simetria.

1-Como surgiu à ideia do projeto Papel Pinel?
No início, era apenas uma pequena oficina. Um pretexto para ir fazendo junto, reafirmando alianças com pacientes no dia a dia de uma instituição psiquiátrica. Conforme íamos reciclando o papel, foi nascendo algo novo. Um espaço produtivo, onde cada um pudesse desenvolver sua criatividade, aptidões e porque não se reinventar. “Fazendo arte”, tecendo sonhos, buscamos uma ponte, para o fora, para o mundo, dizendo: eu também existo, também sei, também sei fazer coisas bonitas, também tenho um trabalho.

2-Quais foram os resultados obtidos com os pacientes depois do projeto?
Um comprometimento muito maior com o tratamento, com a medicação, a diminuição da internação, ou quando ela acontece, é um período mais curto. Isso na parte clínica. Mas no dia a dia percebemos que esse trabalho fez com que cada um ganhasse auto-estima, valor, comprometimento e força para enfrentar a vida. Melhorou as relações familiares. A mudança na qualidade de vida torna-se evidente quando a renda obtida per­mite a compra de bens de consumo, complementa a renda familiar ou aumenta o poder de circulação na cidade.

3-Como funciona “a Fábrica Terapêutica”?
Cada um tem uma função. Uns desenham, outros escrevem poesias, tem aqueles que pintam. Alguns ajudam na arrumação e organização, outros cuidam da reciclagem do papel doado. Foi assim, que reparamos que tínhamos uma linha de produção, estávamos com uma fábrica de verdade. Com produtos de qualidade, feito com o papel que todos jogam fora.

4-Qual é a participação da Simetria nesse projeto?
A Simetria e o Projeto estão construindo uma bela parceria. Além de instituir na Empresa um programa de responsabilidade de resíduos, também está ampliando suas ações. Por ex: Hoje viemos  assistir a aula de Técnicas de Vendas com a Simone. Um deles veio comigo e  irá passar isso para outras pessoas. A capacitação é muito importante no nosso Projeto. Futuramente a Simetria poderá ir até o Pinel ministrar cursos, não só para o Papel Pinel, mas ampliando para a Saúde Mental como um todo. Pode também propor eventos, participar na divulgação do trabalho e  conscientizar de forma ampla, diminuindo o preconceito.  Estamos nos tornando  cúmplices, no bom sentido.
5-O projeto é ajudado apenas pelas empresas ou também conta com a população?
O projeto é ajudado por todos. Muitas pessoas doavam revistas, jornais e papéis, eu levava meus jornais, ou pegávamos os papéis do próprio hospital. Não sabia que cresceria tanto. Hoje já temos história de grandes produções, brindes, participção em  grandes eventos, criamos  logomarcas, etc...

6-Conte como tem ajudado esse projeto para o Meio Ambiente?
O Projeto, através de suas parcerias e de seus valores, promove uma mudança de hábitos e atitudes, desperta a consciência com o respeito ao meio ambiente, gerando uma rede solidária e o compromisso e a luta pelo bem comum.
Para cada tonelada de papel reciclado, doze árvores não são destruídas. A Unimed foi a primeira a colaborar com o projeto e suas doações são da ordem de toneladas. O mundo já percebeu que não funciona pensar somente na parte financeira, entendeu que é fundamental preservar o meio ambiente, senão ele sucumbe.


Por: Priscila Sarmento

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